“
Era
para ser assim, tranqüilo e sereno. Mas, tornou - se avassalador e
como uma onda, derrubou toda a tranqüilidade e serenidade existente
naquelas vidas. Tornou - se o que poderíamos nomear amor
verdadeiro.”
" Não há nada mais desesperador para o homem do que, vendo-se livre, encontrar a quem sujeitar-se. " Fiodor Dostoievski
terça-feira, 27 de novembro de 2012
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Eu
espero alguém que não desista de mim mesmo quando já não tem
interesse. Espero alguém que não me torture com promessas de
envelhecer comigo, que realmente envelheça comigo. Espero alguém
que se orgulhe do que escrevo, que me faça ser mais amigo dos meus
amigos e mais irmão dos meus irmãos. Espero alguém que não tenha
medo do escândalo, mas tenha medo da indiferença. Espero alguém
que ponha bilhetinhos dentro daqueles livros que vou ler até o fim.
Espero alguém que se arrependa rápido de suas grosserias e me
perdoe sem querer. Espero alguém que me avise que estou repetindo a
roupa na semana. Espero alguém que nunca abandone a conversa quando
não sei mais falar. Espero alguém que, nos jantares entre os
amigos, dispute comigo para contar primeiro como nos conhecemos.
Espero alguém que goste de dirigir para nos revezarmos em longas
viagens. Espero alguém disposto a conferir se a porta está fechada
e o café desligado, se meu rosto está aborrecido ou esperançoso.
Espero alguém que prove que amar não é contrato, que o amor não
termina com nossos erros. Espero alguém que não se irrite com a
minha ansiedade. Espero alguém que possa criar toda uma linguagem
cifrada para que ninguém nos recrimine. Espero alguém que arrume
ingressos de teatro de repente, que me sequestre ao cinema, que
cheire meu corpo suado como se ainda fosse perfume. Espero alguém
que não largue as mãos dadas nem para coçar o rosto. Espero alguém
que me olhe demoradamente quando estou distraído, que me telefone
para narrar como foi seu dia. Espero alguém que procure um espaço
acolchoado em meu peito. Espero alguém que minta que cozinha e só
diga a verdade depois que comi. Espero alguém que leia uma notícia,
veja que haverá um show de minha banda predileta, e corra para me
adiantar por e-mail. Espero alguém que ame meus filhos como se
estivesse reencontrando minha infância e adolescência fora de mim.
Espero alguém que fique me chamando para dormir, que fique me
chamando para despertar, que não precise me chamar para amar. Espero
alguém com uma vocação pela metade, uma frustração antiga, um
desejo de ser algo que não se cumpriu, uma melancolia discreta, para
nunca ser prepotente. Espero alguém que tenha uma risada tão bonita
que terei sempre vontade de ser engraçado. Espero alguém que
comente sua dor com respeito e ouça minha dor com interesse. Espero
alguém que prepare minha festa de aniversário em segredo e crie
conspiração dos amigos para me ajudar. Espero alguém que pinte o
muro onde passo, que não se perturbe com o que as pessoas pensam a
nosso respeito. Espero alguém que vire cínico no desespero e doce
na tristeza. Espero alguém que curta o domingo em casa, acordar
tarde e andar de chinelos, e que me pergunte o tempo antes de olhar
para as janelas. Espero alguém que me ensine a me amar porque a
separação apenas vem me ensinando a me destruir. Espero alguém que
tenha pressa de mim, eternidade de mim, que chegue logo, que apareça
hoje, que largue o casaco no sofá e não seja educado a ponto de
estendê-lo no cabide. Espero encontrar uma mulher que me torne
novamente necessário.
~ Fabrício Carpinejar.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
"Ninguém escolhe quem deve amar. Amor vem como vento, invade o olhar, a pele, o coração. Instala no peito e toma conta da cabeça, da vida. Muda o foco. Passada a paixão avassaladora se transforma e vira amor. Ouro conquistado em convivência, cumplicidade. É um diamante o companheirismo. Deixa a vida colorida. Enche de esperança o sentir. Quem tem um amor de verdade. Ganhou da vida um brilhante. É preciso reconhecer e zelar. Pois não é qualquer pessoa. Que o amor elege para amar."
~
Denise Portes
terça-feira, 6 de novembro de 2012
“Quero tudo novo de novo. Quero não sentir medo. Quero me entregar mais, me jogar mais, amar mais. Viajar até cansar. Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. Quero ver mais filmes, ler mais. Sair mais. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Quero ser feliz, quero sossego. Quero me olhar mais. Tomar mais sol e mais banho de chuva. Preciso me concentrar mais, delirar mais. Não quero esperar mais. Quero fazer mais, suar mais, cantar mais e mais. Quero conhecer mais pessoas. Quero olhar para frente. Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero ousar mais. Experimentar mais. Quero menos ”mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais. E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.”
~
Fernando Pessoa.
“(…)
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não
se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. Morre
lentamente quem não viaja quem não lê quem não ouve música, quem
não acha graça de si mesmo. Morre lentamente quem passa os dias
queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um
projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que
desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre
muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira,
pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito
destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã,
portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos
evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves
prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem
maior do que simplesmente respirar.”
~
Martha Medeiros.
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