“(…)
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não
se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. Morre
lentamente quem não viaja quem não lê quem não ouve música, quem
não acha graça de si mesmo. Morre lentamente quem passa os dias
queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um
projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que
desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre
muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira,
pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito
destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã,
portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos
evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves
prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem
maior do que simplesmente respirar.”
~
Martha Medeiros.
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